Mensagem

A memória, na qual cresce a história, que por sua vez alimenta, procura salvar o passado para servir ao presente e ao futuro. Devemos trabalhar de forma que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens

Jaques Le Goff

TEXTOS PARA ESTUDOS


A Unificação da Arábia e o Desenvolvimento do Islamismo


INTRODUÇÃO

O islamismo é uma religião monoteísta, surgida na península arábica a partir do século XII. Essa religião criada por Maomé sofreu influência do judaísmo, cristianismo e funcionou como fator propiciador da unificação das tribos arábicas, com a instituição de um deus único, uma vez que os povos da península eram politeístas e divididos em tribos autônomas.
Unificados pela religião, e fortemente influenciados por sua ideologia, os islamitas iniciaram a conquista de territórios, através do movimento chamado de Jihad, entrando em confronto com povos da chamada África Branca, Península Ibérica onde foram contidos por Carlos Martel na Batalha de Poitiers e chegando até Constantinopla, capital do Império Bizantino.
Somente a partir do século XI é que o cristianismo começa a enfrentar os seguidores de Maomé no movimento político – religioso – econômico, conhecido como As Cruzadas.
Dado a importância do islamismo será feita uma abordagem histórica desde a tribo dos Coreichitas.


1 OS COREICHITAS

No século V Meca estava dominada pela tribo dos coreichitas. As origens desta tribo são poucas conhecidas, contudo se sabe que viviam de forma seminômade, nos rochedos existentes nos arredores de Meca.
Os coreichitas começam a entrar no cenário político da Península Arábica, quando liderados por Kusaiy, instalou-se à força em Meca, vencendo a tribo de Khozâ’a.
Kusaiy transformou a cidade de Meca num centro de peregrinação, reunindo na Caaba as principais divindades, decretou como sagrado e inviolável seu recinto. O objetivo de Kusaiy era satisfazer as necessidades religiosas dos caravaneiros que por Meca passavam em sua rota comercial.
Kusaiy foi também o responsável pela estratificação social em Meca onde ele dividiu o território que circunda Meca entre os clãs coreichitas, surgindo então os Qoraysh do interior, a aristocracia de negócios instalada nas proximidades do santuário do poço de Zenzém e os Qoraysh do exterior instalado na periferia, os quais tinham importância política e comercial inferior.


2 MAOMÉ

A data de nascimento de Maomé (Mohammed, Muhammad, Maomet) é incerta, variando entre 567 e 573 d.C. Com seis anos de idade perde a mãe de quem herda uma escrava, cinco camelo e alguns carneiros, sendo então acolhido por seu avô Abd al-Mottalib. Com a morte de Abd al-Mottalib Maomé fica sob a tutela Abu Talib seu tio.
Maomé passa a acompanhar seu tio e tutor em suas viagens à Síria. Numa dessas viagens Maomé teria se encontrado com um monge eremita Bahira, o qual teria predito a futura missão de profeta do menino.
Provavelmente, teria sido em suas viagens à Síria que Maomé teria tido os seus primeiros contatos com uma religião monoteísta que estavam angariando muitos adeptos: o cristianismo.
Por volta dos vinte anos de idade, Maomé começa a trabalhar para uma viúva rica, Khadidja, fazendo dele pessoa de confiança em suas caravanas à Síria. Cinco anos mais tarde Maomé se casa com Khadidja, o que lhe deu projeção social além de bens materiais.
Por volta dos quarenta anos de idade, Maomé entregou-se a práticas de ascese , retirando-se na montanha para orar e meditar. Durante uma noite da última década do ramadã, em que Maomé estava na gruta do monte Hira, que se produziu a infusão da Palavra incriada no mundo relativo: A descida do Livro no coração do profeta. Enquanto dormia, um ser misterioso, segurando na mão um rolo de pano coberto de sinais veio até Maomé. O anjo se aproximou e deu ordem para Maomé ler o rolo de sinais.
Maomé despertou sentindo que um Livro descera em seu coração. A visão segue o sonho. Ao sair da caverna percebe que o chamam e saúdam com o nome de Enviado de Alá. Maomé, ainda ofuscado vê o anjo que aparece em todos os pontos do céu, a fixá-lo em silêncio.
Esse fenômeno ocorrido com Maomé remete a dois outros fenômenos parecidos ocorrido no Monte Sinai, o que poderia ter influenciado Maomé. “E deu a Moisés (quando acabou de falar com ele no monte Sinai) as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus” •.
Ainda no monte Sinai, Moisés recebeu novamente instruções de Deus, depois de ter quebrado as duas tábuas escritas pelo dedo de Deus: “E esteve ali com o Senhor quarenta dias e quarenta noites: não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras do concerto, os dez mandamentos ”
O que se percebeu analisando estes acontecimentos é uma semelhança muito grande, o que pode estar relacionado com a influência das tradições hebraico – judaica e cristã, sobre a Noite Bendita descrita no corão.
Depois de ter recebido a Palavra, Maomé passou três anos sem ter revelações, o que o levou a vagar pelas colinas, sem encontrar inspiração, chegando até a pensar em suicídio.
Por volta de 613 d.C. Maomé decide estender a revelação a seus concidadãos, aos coreichitas. Os primeiros convertidos por Maomé foram parte de seus familiares, posteriormente a pregação passou a ter como alvo os jovens das famílias ricas e dos clãs mais influentes de Meca, membros de famílias de menor influência, pessoas filiadas aos clãs dos coreichitas e escravos.
Dentro do grupo dos convertidos, o mais importante foi Omar ibn al-Khattab. Em seguida o alvo do profeta volta-se para as tribos nômades, com o intuito de convencê-los a aderirem ao islã, através das vantagens políticas que isso resultaria. Nesse ponto percebe-se o interesse na unificação da Península Arábica, a través de um deus único.


3 AS CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS DA EXPANSÃO DO ISLAMISMO A PARTIR DO SÉCULO XII

Fortalecidos pela forte fé que os motivava e pelas recompensas que receberiam na terra ou no paraíso, os mulçumanos lançaram-se à conquista de novas terras pelo norte da África, Império Bizantino e Pérsia.
As causas econômicas giravam em torno dos reduzidos recursos naturais existentes na Arábia, que não possibilitavam a manutenção de sua crescente população, assim, a prática do saque e da rapina se constituía um fator motivador para as hordas de beduínos. Notícias de saques lucrativos corriam pela Arábia, o que motivava cada vez mais o processo de expansão.
A organização das tropas arábicas também foi um fator importante na conquista de territórios, cujas forças eram extremamente disciplinadas e conduzidas com habilidade para terras distantes por seus chefes. Um dos grandes chefes militares árabes durante o processo de expansão foram Moawiya, Amr e Khalid, também intitulado “A Espada de Alá”.
É importante observar também, que o fortalecimento da Península Arábica se deu num momento dentro da História, onde os grandes impérios estavam se ruindo, como o Império Romano do Ocidente, que havia desmoronado em 476 d.C.

Maomé era um homem de gênio excepcional. Quando morreu, em 632, conseguiu reunir quase todas as tribos da Arábia numa nova comunidade, [...]. Dotara os árabes de uma espiritualidade singularmente adequada a suas tradições e capaz de revelar-lhes um poderio tão extraordinário que em cem anos eles estabeleceram um grande império, que se estendia do Himalaia aos Pirineus (ARMSTRONG, 1993, p. 180).

A expansão dos mulçumanos foi progredindo através do norte da África até chegar à Península Ibérica, onde esse avanço territorial foi contido por Carlos Martel na Batalha de Poitiers em 732 d. C.
Apesar de impedir o avanço do islamismo na Europa Ocidental, territórios sagrados para os cristãos haviam sido perdidos durante esse processo: a Terra Santa. A perda da Terra Santa para o islã, fez com que o Papa Urbano II convocasse a primeira Cruzada Oficial contra os “infiéis” durante do Concílio de Clermont – França em 1095. Iniciaram-se os maiores choques armados entre as duas maiores religiões monoteísta do mundo, onde milhares de vidas de ambos os lados foram ceifadas, que resultaram não somente em sangue, mas como propiciaram o renascimento comercial da Europa Ocidental, embora a Península Itálica nunca houvesse deixado de ser ativamente comercial.



4 A ORIGEM DA CAABA

Segundo as tradições islâmicas a Caaba teria sido erigida por Abrão que depois de peregrinar por diversas partes do oriente, em sua pregação do monoteísmo, enfrentando a contestação de sua ideologia, teria sentido a necessidade de estabelecer um local simples para ser o ponto inicial de adoração do deus único. O lugar escolhido foi Meca, no deserto arábico, ponto de convergência de inúmeras caravanas de mercadores, o que possibilitaria a divulgação do monoteísmo a uma quantidade maior de pessoas.
Ocorre que a Caaba fora construída num local baixo, circundada por montanhas e, quando chovia ruíam-se as paredes do edifício. Desta forma tornou-se necessário reconstruí-la. O primeiro impasse se deu ao temor dos coraixitas em limpar os destroços, pois se tratava de um lugar sagrado, depois de se conseguir o material necessário para a construção. Vencida essas dificuldades iniciou-se o jogo de interesse político para escolher qual das tribos seriam eleita para colocar no lugar de honra a Hajar Al-Aswad . Feito um pacto de sangue entre as tribos, definiu-se que no dia seguinte, aquele que fosse primeiro a passar pela porta da Caaba seria quem escolheria a tribo que colocaria a Pedra Negra em seu lugar de honra. Assim procedido, Maomé foi o primeiro a entrar na Caaba e logo as tribos proclamara: Eis o fidedigno, nós aceitaremos a sua decisão.
Num gesto político para evitar um possível confronto entre a tribos e uma cisão na religião, Maomé pediu que todos colocassem a mão na Pedra Negra e a colocassem no altar. Evitou-se assim o confronto ideológico e armado entre as tribos da Península Arábica.
Com o advindo do islamismo, a Caaba, que além da Pedra Negra, abrigava ídolos de todas as tribos, estes foram extirpada ficando somente a Pedra Negra, a qual se trata, possivelmente de um meteorito o qual os árabes acreditam ter caído do céu, milagrosamente.
Desde que o islã conseguiu unificar a crença dos povos da Península Arábica, milhares de peregrinos se dirigem à Meca para visitar a Caaba, assim como para comercializar, uma vez que a cidade possui uma das maiores feiras da Arábia.

5 A RELIGIÃO ISLÂMICA

O termo islâmico deriva da palavra islã que significa “Submissão a Deus”. A religião islâmica é também muçulmana por causa de Mossul, cidade mesopotâmica conquistada pelos Árabes. De modo geral, a religião fundamenta-se em duas premissas básicas: La ilaha illa Allah e Mohammed rasul Allah .
Os escritos sagrados do islã foram compilados no Corão ou Alcorão. Observa-se que Maomé não foi o autor da escrita desses textos e sim seus discípulos, apresentando cinco pilares básicos de sustentação da religião: fé, oração, esmola, jejum e peregrinação.
O corão não é apenas um livro de composto por textos religiosos. Além de tratar da religião em si, contém instruções sobre a política de governo da sociedade, sobre a economia, o matrimônio a moral e sobre o papel da mulher.
Suas principais doutrinas são: Crença num só Deus (Alá) e no seu profeta (Maomé); prática de bondade e doar esmolas; oração cinco vezes ao dia, fazendo abluções com água ou areia e com o rosto voltado em direção a Meca; jejum durante o dia no mês do Ramadã (nono mês do calendário árabe), se possível, ir em peregrinação à Meca, ao menos uma vez na vida; proibição do consumo de bebidas alcoólicas e da carne de porco, como medida higiênica; permissão da poligamia; inexistência de sacerdotes e de sacramentos; fatalismo: o destino dos homens bem como suas ações estão previamente traçados por Alá; o mulçumano deve enfrentar os acontecimentos com resignação; as cinco preces devem ser feitas em conjunto.
Ainda em relação às cinco orações estas podem se feitas em qualquer lugar do planeta, desde que voltada para a cidade de Meca, reservando o dever de ao menos uma vez por semana essa oração ser realizada numa congregação. Essas orações são repletas de gestos, observa-se, contudo que os gestos não são revestidos de tanto significado quanto às palavras ditas.
É importante observar que o termo Alá não se trata de um nome pessoal do Deus, mas sim, Alá é o termo árabe para definir Deus. Nota-se ainda que essa etimologia Alá é semelhante à palavra hebraica El, encontrada na Bíblia para denominar o Deus dos hebreus.

5.1 AS RELAÇÕES HUMANAS E O ISLÃ

Assim como o catolicismo e a grande maioria das denominações protestantes, o islamismo possui um grande envolvimento político, observa-se, contudo que o cristianismo representado pela Igreja, passou a influir na política quando se tornou religião oficial do Império Romano do Ocidente, no governo de Constantino, já o islã praticamente nasceu envolvido na política, diferentemente de do cristianismo, cujo ponto de origem, Jesus Cristo era, notadamente, apolítico.
De modo geral em seu conjunto as obrigações religiosas, morais e sociais do muçulmano são regidas por uma lei sagrada, a xariá. Xariá dentro do conceito islâmico significa o caminho correto para a conduta humana, a qual foi mostrada por Deus aos homens.


6 OS XIITAS E OS SUNITAS

A origem destes dois segmentos dentro do islamismo se deu devido à falta de algumas instruções no Corão, advindo da contemporaneidade. Quando não existem instruções no Corão, os mulçumanos se voltam para a suna . Eles estudam os exemplos dados por Maomé e pelos califas.
Assim, os sunitas, designação comum aos muçulmanos ortodoxos, apenas reconhecem a autoridade dos quatro primeiros califas, por oposição aos xiitas. Os sunitas afirmam que a revelação vem apenas uma vez, em sua forma final.
Das duas correntes dentro do islã os sunitas são classificados como ortodoxos.
Os xiitas possuem fazem uma interpretação diferente dos sunitas. Seguem muito rigorosamente as orientações contidas no Corão, não relegando a suna o mesmo valor dado pelos sunitas.
Em relação às revelações, para os xiitas esta pode ser contínua, intermediada por seus líderes, os imãs. A grande diferença, e ponto de divergência entre os dois grupos, é que os xiitas fazem novas interpretações pessoais das leis contidas no Corão.
Essas divergências entre os muçulmanos deram origem aos dois segmentos dentro da religião. A rivalidade existente entre essas duas correntes dentro do islã tem gerado sangrentos conflitos nos Estados Mulçumanos, no mundo contemporâneo.


7 A MULHER NO ISLÃ

As mulheres arábicas, antes do surgimento do islã apresentavam certa emancipação uma vez que Khadidja, primeira esposa de Maomé era uma comerciante de muito sucesso na sociedade. Contudo observa-se que fora uma pequena elite, a maioria das mulheres estavam no patamar de escravas, não possuindo diretos políticos e nem humanos.
A mulher antes do surgimento do islã não era tratada igualmente ao homem. Eram tidas como simples objeto de prazer. As filhas podiam ser assassinadas enterradas vivas na areia do deserto, as viúvas eram queimada vivas. Eram-lhes proibidas o acesso aos textos religiosos. A situação da mulher na sociedade muçulmana passou por uma melhora a partir do surgimento do islamismo.
Maomé pregava seus dogmas tanto aos homens quanto às mulheres, sendo um de seus objetivos elevá-las a um estágio emancipação. Daí procede ao fato de no Corão conter regras claras sobre o tratamento a ser dispensado às mulheres. Maomé incentivava as mulheres a desempenhar um papel relevante nos assuntos da ummah .
O corão proíbe o assassinato de meninas, assim como condena a consternação pelo nascimento de uma filha. O Corão também apresenta direitos legais de heranças às mulheres, direito ao divórcio, embora este só possível quando levado a cabo por iniciativa dos homens, uma vez que ele é o detentor do poder financeiro da família.
Devido à tradição poligâmica dos árabes, Maomé instruía para impor certos limites para o divórcio, apelando pela possível vontade de Alá, afirmando que o procedimento do divórcio era a atividade legal que menos agradava a Alá.
O uso do véu no islã não é uma regra prescrita no Corão. Esse hábito no passado estava relacionado a uma questão de status e possivelmente à questão de status, também está relacionado às questões geográficas da Península Arábica, aonde devido às tempestades de areia, torna-se necessário proteger as vias respiratórias com um lenço ou tecido qualquer.
É importante observar também que algumas passagens do Corão são interpretadas de forma os homens exercerem soberania sobre as mulheres. De acordo com a (SURA 4:31) “Os homens têm autoridade sobre as mulheres porque Deus os fez superiores a elas”. A existência dessas frases tem levado o mundo muçulmano ignorar outras como a (SURA 2:228) onde encontra a seguinte afirmação: “As mulheres devem, por justiça, ter direitos semelhantes àqueles exercidos contra elas”.
A partir do momento em o islã inseriu-se no mundo ocidental, os muçulmanos adotaram costumes os quais relegavam às mulheres um papel inferior dentro da sua sociedade. As mulheres passaram a serem vigiadas e reclusas aos diversos haréns espalhado no mundo árabe.
Em relação ao casamento, ao contrário dos homens, as mulheres só podem possuir um marido.
As mulheres muçulmanas, também passam por mutilação genital na qual se pratica a excisão do clitóris. Essa prática é mais freqüente em países do terceiro mundo, contidos principalmente África Saariana. A prática da excisão do clitóris, ao contrário da circuncidação masculina a qual está relacionada a uma questão higiênica e simbólica, está baseada em suprimir o prazer feminino nas relações sexuais, para que através deste meio haja um menor índice de traições dentro do universo feminino.
Além das mutilações imposta às mulheres, existe ainda a questão da imposição de outros castigos físicos, como o ato de bater. Observa-se que este ato é fundamentado na sura número 4 aonde se lê: “Quanto àquelas de quem temes desobediência, deves admoestá-las, enviá-las a uma cama separada e bater nelas”.
As interpretações radicais do Corão deram origem a casos brutais. A opressão contra a mulher é comum nos países que seguem com rigor a Sharia, a lei islâmica, e têm tradições contrárias à libertação da mulher. Além dos mandamentos do Corão, o fato de o mundo muçulmano ter entrado em contato com outras culturas nas quais a mulheres eram vista como seres inferiores e tidas como propriedades dos homens possibilitou, a incorporação destes valores prejudiciais às mulheres, ao islã.
Nos países islâmicos a mulher tem de vestir uma bata longa que esconda as formas do corpo e cubra o cabelo. Em países onde o islamismo é defendido de uma forma mais rígida, mulheres que deixam o lenço escorregar em local público são chicoteadas. Elas sofrem ainda outras restrições no Islã. Não podem estudar, trabalhar, discutir com seus maridos. Nesses países, ao contrário das determinações do Corão, as mulheres quando ficam viúvas ou órfãs, não têm direito a herança.


8 O ISLÃ NA ATUALIDADE


O islamismo é a religião que mais cresce no mundo na atualidade. Esse crescimento assustador para o cristianismo está relacionado há alguns fatores que fogem ao controle da Igreja e também motivados por questões de ordem demográfica.
O fato de o islã ter se difundido por países do terceiros mundo, em especial a África, aonde o controle da natalidade é problemática é um desses fatores. Outro fator ainda relacionado as questão da natalidade, diz respeito à poligamia existente no mundo muçulmano e a orientação de que os filhos são bênçãos de Alá sendo assim torna-se ilícito a adoção de práticas anticoncepcionais tanto masculinas como também feminina. Dessa forma o crescente aumento do número de filhos fomenta, consequentemente, a ampliação dos adeptos do islamismo, diferentemente do mundo ocidental, o qual tem como sua orientação religiosa de forma mais expressiva as diferentes correntes do cristianismo, no qual tem se verificado o decréscimo populacional.
Outro ponto a ser abordado, o islã possibilita o acesso do fiel diretamente com Alá, o que tem levado algumas pessoas trocar o catolicismo pelo islã.
Outro fator de expansão do islamismo pode ser creditado pela abertura de mesquitas em países ocidentais, o que permite aos muçulmanos atuarem dentro do campo de domínio do cristianismo, o tem levado ao crescimento sucessivo desse seguimento religioso ante ao cristianismo.
Como forma de conter esse avanço, tem se assistido através da mídia um grande bombardeio promovido pelo ocidente, planificando o islamismo como terroristas, se esquecendo das mazelas que o cristianismo causou durante a partilha da África, os milhares de mortos durante as Cruzadas e outras guerras mais recentes.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O islamismo surgiu da necessidade de unificação das tribos da Península Arábica, baseados nas observações dos judeus e cristãos feitos por Maomé quando ainda era um caravaneiro, uma vez que estes apresentavam uma boa coesão, baseada num conjunto de regras morais, sociais e míticas, a Bíblia.
Adotando quase os mesmo princípios do judaísmo e cristianismo, Maomé conseguiu obter seus objetivos propostos e a partir de então o islã tem crescido quase que continuamente, chegado ao ponto de chocar-se, no século XI, com o cristianismo representado pela Igreja na Europa Ocidental.
Devido a sua ideologia diferenciada e também pelo fato de que a islã não tenha passado por grandes cismas como o ocorrido com o cristianismo em 1054 quando houve a separação entre Católicos Romanos e Ortodoxos e posteriormente com o movimento de Martinho Lutero, o islã, no mundo atual tem galgado posições frente ao cristianismo, muito embora isso esteja relacionado a fatores de geopolítica e índice de natalidade.
Percebe-se também que na atualidade a mídia ocidental tem procurado bombardear os mulçumanos, classificando-os de terroristas ou ainda apelando para a situação da mulher islâmica dentro da sociedade muçulmana. Contudo, convém observar que isso pode ser apenas uma estratégia de poderosas organizações político-religiosa numa tentativa desesperada de conter esse sensível avanço do mundo islâmico sobre a cultura ocidental.


REFERÊNCIAS

ARMSTRONG, Karen. Uma História de Deus. São Paulo: Companhia de Bolso, 1993

GIORDANI, Mário Curtis. História do Mundo Árabe Medieval. Petrópolis: Vozes, 1985.

HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.

HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry; GAARDER, Jostein. O Livro das Religiões. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.

JUNIOR, Alfredo Boulos. História Geral. São Paulo: FTD, 1995.

O MUNDO do Islã. Disponível em:
< http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/islamismo/perguntas.html> Acesso em: 15 de Mai. 2009.

PROENÇA, Antonio Carlos; LAGO, Samuel Ramos. História Antiga e Medieval. São Paulo: IBEP, 199?.

RODRIGUE, Joelza Ester. História em Documento: Imagem e Texto. São Paulo: FTD, 2001.

MOHAMAD, Aminuddin. Mohammad o Mensageiro de Deus. São Paulo: Assembléia Mundial da Juventude Islâmica, 1989.

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